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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

O Jornal do Comércio de Marília

Cheguei a Marília num domingo, 5 de janeiro de 1969. Viajei de trem. O trem era o melhor meio de transporte terrestre na época. Se hoje, novembro de 2006, nossas estradas são ruins, imagine há 37 anos. Viajar pelas estradas da região de Adamantina era pior do que andar no terrão onde eu jogava futebol quando menino, lá pelos idos de 1958, 59, 60. De trem era divertido, porque a gente andava pelos vagões e se sentia livre. Eu tinha 19 anos quando cheguei a Marília. Minhas primeiras noites eu passei no hotel do Arlindo, na Rua 9 de Julho, ao lado do Jornal do Comércio. Arlindo era um sujeito alegre e divertia todos os hóspedes, que eram mais amigos do que hóspedes. Com tristeza, menos de uma semana depois tive que me mudar para a Pensão São Bento, também Rua 9 de Julho, entre a São Luiz e a XV de Novembro. Foi por questões econômicas. Senti a diferença. Passei a morar num quartinho minúsculo, na parte externa da pensão. Tinha cama

Meu primeiro jornal: O Sorridente

O primeiro jornal em que trabalhei não era lá bem um jornal. Era um mini-jornal. O nome era O Sorridente. Era o jornal da Associação dos Moços da Seicho-No-Iê. Eu fazia parte da seita do saudoso Mestre Massaharo Taniguchi por influência de um grande Amigo, Ademar Shigueto Hayashi, hoje empresário em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. Ele era presidente da Associação dos Moços e a diretoria, da qual eu participava, resolveu criar um jornalzinho. Fizemos uma edição por mês por mais de um ano. Primeiro, numa tipografia de Adamantina. No fim, numa tipografia de Lucélia, cidade a sete quilômetros da minha. Eu escrevia de tudo. Fazia principalmente as notícias sobre os nossos eventos, passados e futuros. Escrevia comentários, também. E como tinha facilidade pra escrever, e pra falar em público também, escrevia discursos para os colegas da minha faixa etária e pra meninadinha. Escrevia e orientava todos eles para apresentações nos concu

O balcão e os jornais

Comecei a gostar de ler jornais no balcão do trabalho do meu pai, em Adamantina. Eu ficava no balcão da Lavanderia e Tinturaria Adamantina, na Rua Joaquim Nabuco, quase esquina com a Avenida Rio Branco. Ali eu recebia as pessoas que levaram calças, principalmente, para meu pai lavar e passar. As pessoas levavam também paletós e camisas, em geral, brancas. Meu pai fazia outro tipo de serviço: a reforma de chapéus. A maioria das pessoas levava a roupa embrulhada em jornal. Por orientação de meu pai, eu esticava as folhas de papel e guardava para serem reaproveitadas. E sempre que tinha um tempinho, eu lia aqueles jornais. Às vezes, eu lia jornais da véspera, mas era comum ler publicações de dias e dias anteriores. Isso não me incomodava. O que eu queria era ler as notícias, ver as ilustrações. Foi assim que eu peguei gosto pelos jornais. Quando eu deixei de trabalhar com meu pai e fui para o Foto Linense, na Avenida Rio Branco, perto d

A primeira reportagem foi para o JC de Marília

Minha primeira reportagem eu escrevi no dia 1º de maio de 1968. O tema foi a festa do trabalhador em Adamantina. Escrevi e mandei para o Jornal do Comércio de Marília, aonde viria a cumprir a primeira fase da minha carreira profissional no Jornalismo. De maio a dezembro, relatei tudo o que vi e ouvi em Adamantina para o JC do saudoso Mestre Irigino Camargo, falecido em junho de 2004. Escrevia a mão, porque nem máquina eu tinha. Terminada a redação, colocava as folhas de papel com pauta num envelope que Irigino me mandava às dúzias, todos selados, e entregava no Correio. Dois dias depois as minhas noticias estavam nas páginas do JC. Raras foram as que deixaram de ser publicadas. Antes de começar a escrever para o Jornal do Comércio de Marília tentei trabalhar na imprensa local. Tentei mas não consegui. Ofereci meu trabalho também para a Folha de S. Paulo, mas fui recusado. Guardo até hoje a carta em que a Folha me comunicava que tinha cor

No Grupo Escolar e no Helen Keller, em Adamantina

Minha primeira professora no 1º Grupo Escolar de Adamantina foi dona Esther. Guardo até hoje uma foto dela com a minha turma na quarta série, em 1958. Mais o quem mais me marcou foi o professor Celso. Ele era muito bravo, sério, exigente. Todos morríamos de medo dele. Um dia de 1959 ele perdeu a paciência com um colega, o Leandro. O menino não conseguia fazer uma conta, na lousa, e o mestre deu um tapa de raspão no lado esquerdo do rosto. Para azar de ambos, o lado direito do rosto do aluno bateu na quina da lousa e inchou no ato. Professor e aluno foram chamados na sala do diretor, professor Guilherme. O professor Celso foi transferido de escola e o aluno de classe. Com a transferência, minha turma ficou dias sem professor. Eu, ao invés de ir trabalhar com meu pai na Lavanderia e Chapelaria Adamantina, na Rua Joaquim Nabuco, aproveitei para ganhar um extra. Passei na quitanda do vizinho, pedi trabalho e ele me deu mangas para vender n

Eu voltei à Rádio Brasil de Adamantina

Livre dos plantões de fim de semana na Rádio Brasil, comecei a viajar com o meu pai e o time do Guarani Futebol Clube de Adamantina. O nosso time disputava a terceira divisão do futebol profissional do Estado. Boa parte da delegação viajava numa Kombi do meu pai e lá ia eu. Numa tarde de domingo, em Fernandópolis, a equipe da Rádio Brasil precisou de reforço e eu não tive dúvida: empunhei o microfone novamente e comentei o jogo. Quase apanhei da torcida local, mas disse tudo o que julguei ter de dizer. Na segunda-feira, a convite da equipe, eu fui ao estúdio fazer novos comentários sobre o jogo e o desempenho dos jogadores do Guarani. No corredor, rumo à mesma escadaria que me levaria a Alameda Armando de Salles Oliveira, encontrei, não por acaso, com o diretor que me demitira no mês anterior. Fiquei branco, suei frio, disse um “boa tarde” com dificuldade e ele sorriu. “Muito bem, meu jovem. Muito bem”, ele disse. Eu respirei aliviado, mas nada fa