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Mostrando postagens de 2012

Ditadura e militares, não!!! Nunca mais!!!

Quando políticos e militares fizeram a chamada "revolução de 64", eu era menino pequeno lá em Adamantina, a 600 quilômetros da capital paulista, onde vivo desde 1971, e outro tanto desse (ou seja, 1.200 quilômetros) de Campo Grande, cidade em que tive o privilégio de viver por oito meses, em 2004/05. Em abril de 1964 eu ainda usava calça curta, mas lembro-me bem de ver meu pai e outros lideres locais andando para baixo e para cima de revolver na cintura, à vista de todos. Tinha pouco mais de 13 anos de idade, trabalhava há sete anos e já lia jornal, no balcão da lavanderia e chapelaria da família. Mesmo assim, tive que fazer algumas perguntas ao meu velho para entender o que estava acontecendo, porque os jornais que eu lia nunca eram do dia. Eles só chegavam às minhas mãos dois ou três dias depois da data da edição e porque eram usados para embrulhar calças e paletós que os fregueses mandavam lavar e passar. A partir de então, vivemos – eu e todos os brasi

A COMUNIC e meu próprio emprego

A COMUNIC surgiu da minha vontade de nunca mais ter patrão e graças ao apoio da minha Sueli e de quatro Amigos: José Luiz da Silva (meu colega na Secretaria da Agricultura e na A. A. Comunicações), Aluízio José de Freitas e o sócio dele Carlos Blanco Fernandez (donos da Grafic Publicidade e Propaganda) mais o inesquecível Paulo de Mendonça Bastos, na época diretor de Comunicações da Heublein do Brasil. Aluízio e Carlos eram gratos a mim porque consegui a publicação de algumas notinhas sobre a Grafic em jornais como o Estadão e a Gazeta Mercantil. Aproveitei para pedir que eles me cedessem uma sala, por menor que fosse, nas dependências da agência, na esquina das ruas Francisco Cruz e Domingos de Moraes, na Vila Mariana, zona sul da Capital paulista. Eles concordaram mas me propuseram algo maior: alugar um sobrado ao lado da gráfica que tinham na Rua Dr. Diogo de Faria, na Vila Clementino. Eu tremi nas bases, disse que era muito arriscado, mas eles me convenceram quand

A A.A. Comunicações do Amigo Meninão

Deixei a chefia da Assessoria de Divulgação da Secretaria da Agricultura porque não conseguia me entender com o chefe de Gabinete do secretário Pedro Tassinari Filho. Tassinari sempre disse gostar do meu trabalho, mas Roberto Cano de Arruda, não. Ele tinha a ambição de ser secretário e, por consequência, queria aparecer na imprensa. Acontece que ele nunca me disse isso. Se tivesse dito, eu teria dado um jeito. Ao pedir demissão e deixar a Agricultura, contra a vontade taxativa de Tassinari, fui dar satisfações ao coronel Armon e ao jornalista Isidro Barioni, que comandavam a área de comunicação do Governo Paulo Egydio. Imediatamente, eles me convidaram para reforçar a equipe baseada no Palácio dos Bandeirantes. Eu, entretanto, estava cheio da burocracia estatal e queria voltar para a iniciativa privada. Agradeci, me declarei honrado com o convite e fui embora. Fui procurar meu Amigo Meninão, dono da A. A. Comunicações, na Rua Martinico Prado, em Higienóp

A Secretaria da Agricultura aos 25 anos

Quando eu tive a certeza de que não estava nos planos das duas forças políticas que disputavam o poder na Redação do Estadão, me mandei. Não adiantava ficar no jornal da família Mesquita porque eu não passaria de um simples repórter. Jamais teria chance de fazer grandes coberturas, viagens internacionais, nem chegar a ser editor, como eu tanto queria. Aproveitei um convite do empresário Pedro Tassinari Filho, que tinha mansão no Morumbi, em São Paulo, e atividades produtivas em Orlândia, no Interior paulista, e fui com ele para a Secretaria da Agricultura do Governo do Estado de São Paulo. Tassinari era um homem viajado e conhecia toda a região vinícola da França. Cada conversa com ele a respeito de vinhos era uma aula. Foi na residência dele que conheci a primeira adega particular e pessoal, totalmente climatizada. Pedrinho, como diziam os íntimos, era cunhado do deputado federal Sérgio Cardoso de Almeida, um aliado dos militares de plantão, mas crítico ferrenh

O Diário de Notícias do Rio de Janeiro

O Diário de Notícias do Rio de Janeiro é uma daquelas páginas que eu gostaria de arrancar do caderno da minha história. Mas, história é história; não dá para apagar; fica pra sempre. Faz tanto tempo que eu trabalhei para o falecido Diário de Notícias, que o Rio de Janeiro ainda era capital do Estado da Guanabara. Fui registrado “Repórter” do Diário de Notícias no dia 2 de julho de 1973. Meu salário era de “Cr$ 1.722,00 (hum mil e setecentos e vinte e dois cruzeiros) mensais”, conforme registro existente na página 11 da minha primeira carteira profissional. Na época, eu ganhava R$ 2.062,00 por mês no Estadão. Eu entrava cedinho no Estadão, na Rua Major Quedinho, 28, e lá ficava até o meio da tarde. Por volta das 15 horas, saia do Estadão e corria para a Rua 7 de Abril, quase esquina com a Praça da República. A sucursal do Diário de Notícias ficava no prédio da revista Visão, dirigida pelo então futuro ministro das Comunicações, Said Farhat. No Diário de Notícias eu ficava até

Do Esporte para a Geral, sempre pelo Estadão

Um dia a cobertura de esportes perdeu a graça pra mim. Eu queria participar das grandes coberturas, mas não tinha oportunidade. Eu desejava estar no dia a dia do Corinthians, mas não podia por ser torcedor do Timão. Nos outros grandes times também não tinha chance porque eles representavam cadeiras cativas de outros repórteres. O mesmo ocorria em relação aos esportes nobres. Enfim, eu queria ir à Copa do Mundo, aos GPs de Fórmula 1, aos GPs de Tênis, mas vi que isto seria impossível enquanto não reunisse condições de ocupar o lugar de um dos ‘cardeais’. Por tudo isto, juntei a minha vontade com a do colega Tuca Pereira de Queiroz, um repórter esportivo por excelência, deslocado para a Reportagem Geral por questões políticas. Falamos com os respectivos chefes e trocamos de editoria. Fui trabalhar diretamente com o Mestre Eduardo Martins, que ocupava a chefia de Reportagem, e com o sub-chefe Silvio Sérgio Sanvito. A partir de então eu conheci o Brasil quase t

São Paulo, finalmente.

Cheguei a São Paulo em maio de 1971 como repórter da editoria de Esportes. O chefe era Ludenbergue Teixeira de Góes e os imediatos dele Clóvis Rossi, Ricardo Kotscho e Luiz Carlos Ramos, o ‘Barriguinha’. Na equipe se destacavam ainda repórteres como Ney Craveiro, Reginaldo Leme, João Prado, Darci Higobassi, Ewerton Capri Freire, Paulo Moledo de Aquino e Milton José de Oliveira. Todos me deram o maior apoio. Kotscho, por exemplo, foi responsável pela minha primeira viagem de longa distancia e de avião. Depois de muita insistência, ele convenceu Góes a me mandar pra Brasília, onde seria disputado o Mundial Feminino de Basquete. Cheguei à Capital Federal com uma malinha tão simples, que o recepcionista do Hotel Nacional não acreditou que eu era o repórter em nome de quem o Estadão havia feito reserva. Comigo, como enviado especial do Jornal da Tarde, viajou um ‘foca’ que viria a fazer muito sucesso no Brasil e no exterior: Paulo Moreira Leite, o ‘Paulinho’, que em 2005 foi

De volta a Campinas, contra minha vontade

Claro que eu esperava ficar em São Paulo após as férias dos repórteres João Prado de Almeida Pacheco, o ‘Pradão’, e Reginaldo Leme, o ‘Alfacinha’. Mas, não foi isso que aconteceu. Fui obrigado a voltar a Campinas e lá trabalhar mais um mês, abril de 1971, morando de novo na casa de família da Rua da Conceição. Eu gostava de trabalhar em Campinas, mesmo tendo uma jornada diária muito longa. Mas eu sempre me lembrava que meu objetivo principal era ser repórter na sede do Estadão, na Capital. Além de querer muito vir pra São Paulo, eu temia ter outros atritos com o chefão Raul Martins Bastos, exatamente o homem que me admitiu no Estadão. Sempre fui adepto e admirador da paz, mas no inicio do meu terceiro mês de Campinas, em janeiro de 1971, não suportei a falta de pagamento e chiei. Chiei de uma maneira até deselegante, reconheço, porque o chefe dos correspondentes do Estadão havia me dito que eu ganharia o meu salário de Marília mais o valor que era pago ao repórter de Camp

De Campinas para São Paulo, sempre pelo Estadão

Antes de vir de vez para São Paulo, passei dois meses na Capital por conta de férias de repórteres da editoria de Esportes do Estadão. O chefe da sucursal de Campinas, Mário L. Erbolato, ficou furioso ao saber que eu estaria fora por dois meses, mas não teve alternativa. Erbolato era um dos homens mais cultos de Campinas nos anos 1970. Jornalista e advogado, era diretor geral da Câmara de Vereadores. Mais que isto: era uma pessoa de fino trato. Escreveu livros e mais livros de Jornalismo e lecionou por anos na Pucamp, a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. O filho dele, o também advogado Antônio Carlos Erbolato, era o nosso fotógrafo e não raro fazia as vezes de motorista. Toninho bem que tentou, mas não conseguiu me convencer a frequentar as ‘primas’ de Campinas. Tudo porque eu estava de casamento marcado para setembro de 1971 e tinha a determinação de me manter fiel à noivinha virgem que me esperava em Marília. Fiz todo tipo de reportag

Seis meses em Campinas

Fiquei apenas seis meses em Campinas. Morei numa casa de família na Rua da Conceição, onde hoje existe um edifício residencial de alto padrão. Dividi um quarto com um jovem, como eu, de quem jamais consegui ter qualquer informação. Também, pudera: trabalhei de 12 a 15 horas por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Acompanhei o dia a dia dos times de futebol profissional do Guarani (treinado por Armando Renganeschi e Zé Duarte) e da Ponte Preta (que havia sido vice-campeão brasileiro e era orientado por Cilinho). Ao mesmo tempo, escrevi a respeito do time de basquete do Tênis Clube, das atividades do Comando Regional do Exército (dirigido pelo coronel Rubens Restel) e da Academia Militar da Aeronáutica de Pirassununga. Como se tudo isto não bastasse, dei expediente à noite por dois meses na editoria de Esportes do Diário do Povo. Assinava Amaral Júnior, certo de que ninguém do Estadão desconfiaria da minha dupla jornada. Eu me sustentava com o salário do Diá

De Marília para Campinas, pelo Estadão

Tive que deixar o Jornal do Comércio de Marília em outubro de 1970 porque o Estadão exigiu exclusividade. Em setembro, Raul Martins Bastos queria que eu viajasse por cinco dias para uma reportagem especial em Ilha Solteira. Mestre Irigino Camargo, certo de que me perderia em breve, sentenciou: “É melhor você exigir uma definição do Estadão”. Ou seja: não dava mais pra trabalhar pros dois jornais. Antônio Higa, correspondente em São José do Rio Preto, foi para Ilha Solteira e fez a reportagem que eu gostaria de ter feito. Na mesma semana, o Estadão me pediu a cobertura dos Jogos Abertos do Interior, em Bauru. Tirei férias do JC e fui. Na volta, constrangido, disse ao Mestre Irigino que o Estadão havia me oferecido uma vaga na sucursal de Campinas. Sério, ele me ameaçou: “Se você recusar a oferta do Estadão, eu tiro a cinta e te dou uma surra agora”. É por isso que eu sempre digo que Irigino Camargo foi, além do meu primeiro Mestre no Jornalismo, um pai enquanto eu fiqu

O Estadão, por insistência de Irigino Camargo

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Foi Mestre Irigino Camargo ( na foto, em pé e de terno escuro ) quem me apresentou ao Estadão. Ou melhor: ao representante do Estadão que foi a Marília em busca de um correspondente. Paulo Stipp Júnior, correspondente do Estadão em Taubaté, havia morado em Marília e para lá foi com a tarefa de encontrar alguém que pudesse escrever para o jornal. De preferência, todo dia. Chegou com o propósito de contratar José Cláudio Bravos, que se destacava como correspondente dos Diários Associados. Ao procurar Irigino, no JC, ele foi imediatamente demovido da idéia. Disse com tanta convicção que o correspondente ideal para o jornal da família Mesquita era eu, que Stipp não teve alternativa. Fomos tomar um refrigerante no bar que havia em frente ao JC e acertamos todos os detalhes. Uma semana depois eu fiquei sabendo que o todo-poderoso Raul Martins Bastos, chefe da equipe que controlava a produção das sucursais e dos correspondentes, havia me aceito para um período de experiênci

O Jornal do Comércio de Marília

Cheguei a Marília num domingo, 5 de janeiro de 1969. Viajei de trem. O trem era o melhor meio de transporte terrestre na época. Se hoje, novembro de 2006, nossas estradas são ruins, imagine há 37 anos. Viajar pelas estradas da região de Adamantina era pior do que andar no terrão onde eu jogava futebol quando menino, lá pelos idos de 1958, 59, 60. De trem era divertido, porque a gente andava pelos vagões e se sentia livre. Eu tinha 19 anos quando cheguei a Marília. Minhas primeiras noites eu passei no hotel do Arlindo, na Rua 9 de Julho, ao lado do Jornal do Comércio. Arlindo era um sujeito alegre e divertia todos os hóspedes, que eram mais amigos do que hóspedes. Com tristeza, menos de uma semana depois tive que me mudar para a Pensão São Bento, também Rua 9 de Julho, entre a São Luiz e a XV de Novembro. Foi por questões econômicas. Senti a diferença. Passei a morar num quartinho minúsculo, na parte externa da pensão. Tinha cama

Meu primeiro jornal: O Sorridente

O primeiro jornal em que trabalhei não era lá bem um jornal. Era um mini-jornal. O nome era O Sorridente. Era o jornal da Associação dos Moços da Seicho-No-Iê. Eu fazia parte da seita do saudoso Mestre Massaharo Taniguchi por influência de um grande Amigo, Ademar Shigueto Hayashi, hoje empresário em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. Ele era presidente da Associação dos Moços e a diretoria, da qual eu participava, resolveu criar um jornalzinho. Fizemos uma edição por mês por mais de um ano. Primeiro, numa tipografia de Adamantina. No fim, numa tipografia de Lucélia, cidade a sete quilômetros da minha. Eu escrevia de tudo. Fazia principalmente as notícias sobre os nossos eventos, passados e futuros. Escrevia comentários, também. E como tinha facilidade pra escrever, e pra falar em público também, escrevia discursos para os colegas da minha faixa etária e pra meninadinha. Escrevia e orientava todos eles para apresentações nos concu

O balcão e os jornais

Comecei a gostar de ler jornais no balcão do trabalho do meu pai, em Adamantina. Eu ficava no balcão da Lavanderia e Tinturaria Adamantina, na Rua Joaquim Nabuco, quase esquina com a Avenida Rio Branco. Ali eu recebia as pessoas que levaram calças, principalmente, para meu pai lavar e passar. As pessoas levavam também paletós e camisas, em geral, brancas. Meu pai fazia outro tipo de serviço: a reforma de chapéus. A maioria das pessoas levava a roupa embrulhada em jornal. Por orientação de meu pai, eu esticava as folhas de papel e guardava para serem reaproveitadas. E sempre que tinha um tempinho, eu lia aqueles jornais. Às vezes, eu lia jornais da véspera, mas era comum ler publicações de dias e dias anteriores. Isso não me incomodava. O que eu queria era ler as notícias, ver as ilustrações. Foi assim que eu peguei gosto pelos jornais. Quando eu deixei de trabalhar com meu pai e fui para o Foto Linense, na Avenida Rio Branco, perto d

A primeira reportagem foi para o JC de Marília

Minha primeira reportagem eu escrevi no dia 1º de maio de 1968. O tema foi a festa do trabalhador em Adamantina. Escrevi e mandei para o Jornal do Comércio de Marília, aonde viria a cumprir a primeira fase da minha carreira profissional no Jornalismo. De maio a dezembro, relatei tudo o que vi e ouvi em Adamantina para o JC do saudoso Mestre Irigino Camargo, falecido em junho de 2004. Escrevia a mão, porque nem máquina eu tinha. Terminada a redação, colocava as folhas de papel com pauta num envelope que Irigino me mandava às dúzias, todos selados, e entregava no Correio. Dois dias depois as minhas noticias estavam nas páginas do JC. Raras foram as que deixaram de ser publicadas. Antes de começar a escrever para o Jornal do Comércio de Marília tentei trabalhar na imprensa local. Tentei mas não consegui. Ofereci meu trabalho também para a Folha de S. Paulo, mas fui recusado. Guardo até hoje a carta em que a Folha me comunicava que tinha cor

No Grupo Escolar e no Helen Keller, em Adamantina

Minha primeira professora no 1º Grupo Escolar de Adamantina foi dona Esther. Guardo até hoje uma foto dela com a minha turma na quarta série, em 1958. Mais o quem mais me marcou foi o professor Celso. Ele era muito bravo, sério, exigente. Todos morríamos de medo dele. Um dia de 1959 ele perdeu a paciência com um colega, o Leandro. O menino não conseguia fazer uma conta, na lousa, e o mestre deu um tapa de raspão no lado esquerdo do rosto. Para azar de ambos, o lado direito do rosto do aluno bateu na quina da lousa e inchou no ato. Professor e aluno foram chamados na sala do diretor, professor Guilherme. O professor Celso foi transferido de escola e o aluno de classe. Com a transferência, minha turma ficou dias sem professor. Eu, ao invés de ir trabalhar com meu pai na Lavanderia e Chapelaria Adamantina, na Rua Joaquim Nabuco, aproveitei para ganhar um extra. Passei na quitanda do vizinho, pedi trabalho e ele me deu mangas para vender n

Eu voltei à Rádio Brasil de Adamantina

Livre dos plantões de fim de semana na Rádio Brasil, comecei a viajar com o meu pai e o time do Guarani Futebol Clube de Adamantina. O nosso time disputava a terceira divisão do futebol profissional do Estado. Boa parte da delegação viajava numa Kombi do meu pai e lá ia eu. Numa tarde de domingo, em Fernandópolis, a equipe da Rádio Brasil precisou de reforço e eu não tive dúvida: empunhei o microfone novamente e comentei o jogo. Quase apanhei da torcida local, mas disse tudo o que julguei ter de dizer. Na segunda-feira, a convite da equipe, eu fui ao estúdio fazer novos comentários sobre o jogo e o desempenho dos jogadores do Guarani. No corredor, rumo à mesma escadaria que me levaria a Alameda Armando de Salles Oliveira, encontrei, não por acaso, com o diretor que me demitira no mês anterior. Fiquei branco, suei frio, disse um “boa tarde” com dificuldade e ele sorriu. “Muito bem, meu jovem. Muito bem”, ele disse. Eu respirei aliviado, mas nada fa

O caminhão e a rádio

Vivi outras histórias marcantes e inesquecíveis em minha cidade natal (além das postadas anteriormente). Na rua do terrão, na Rádio Brasil, no 1º Grupo Escolar, no balcão do trabalho do meu pai, no terreno do circo, nos dois cinemas, na maior loja de discos da época, na prefeitura, na Câmara de vereadores, na estação ferroviária, no Ateneu Bento da Silva, no Instituto Educacional, no Ginásio Estadual Helen Keller, no campo de aviação... Da rua do terrão eu me lembro bem de uma história envolvendo um caminhão. Ele ficou sem freios e desceu do centro da cidade em direção ao bairro. O motorista, o valente Tonhão, bem que poderia ter pulado e deixado o bruto ir só, ladeira abaixo, pela Alameda Armando de Salles Oliveira. Mas, sabendo do risco de atropelamento de algum inocente desavisado ou da invasão de uma casa humilde, Tonhão se manteve firme ao volante. Colocou a cabeça pra fora da boléia e gritou a plenos pulmões para que abrissem ala pra ele e o caminhão pa