Ditadura e militares, não!!! Nunca mais!!!



Quando políticos e militares fizeram a chamada "revolução de 64", eu era menino pequeno lá em Adamantina, a 600 quilômetros da capital paulista, onde vivo desde 1971, e outro tanto desse (ou seja, 1.200 quilômetros) de Campo Grande, cidade em que tive o privilégio de viver por oito meses, em 2004/05.

Em abril de 1964 eu ainda usava calça curta, mas lembro-me bem de ver meu pai e outros lideres locais andando para baixo e para cima de revolver na cintura, à vista de todos.

Tinha pouco mais de 13 anos de idade, trabalhava há sete anos e já lia jornal, no balcão da lavanderia e chapelaria da família.

Mesmo assim, tive que fazer algumas perguntas ao meu velho para entender o que estava acontecendo, porque os jornais que eu lia nunca eram do dia. Eles só chegavam às minhas mãos dois ou três dias depois da data da edição e porque eram usados para embrulhar calças e paletós que os fregueses mandavam lavar e passar.

A partir de então, vivemos – eu e todos os brasileiros – mais de 20 anos sob as ordens, mandos e desmandos dos militares, que, felizmente, voltaram aos quartéis após a passagem dos generais Humberto de Alencar Castello Branco, Emilio Garrastazzu Médici, Arthur da Costa e Silva, Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo pelo trono do Palácio do Planalto.

Na ânsia ou com a desculpa de evitar que o comunismo tomasse conta do Brasil, eles, como o apoio do imperialismo exercido pelos Estados Unidos, cassaram mandatos e direitos políticos, prenderam, torturaram e mataram cidadãos de todas as idades e tendências e praticaram censura a jornais, revistas, rádios e tevês de todos os Estados. Censuraram, também, outros tantos textos produzidos no País: correspondências, livros e informes que seriam emitidos por agências noticiosas nacionais e internacionais.

Fizeram mais: tiraram nosso direito de votar e de eleger nossos governantes.

É por isso que fico assustado quando ouço gente falando por aí que está com “saudade dos militares”.

Fico mais que assustado – na verdade, revoltado – quando alguém diz perto de mim que “nos tempos dos militares não tinha tanta corrupção quanto agora”.

Sei que não adianta explicar, mas explico sempre e com insistência, que nos chamados “tempos dos militares” havia, sim, corrupção, muita corrupção. A diferença é que naqueles tempos a impressa estava sob censura e, por consequência, não tínhamos como noticiar os desmandos de políticos e militares desonestos.

Ao contrário daqueles tempos inesquecíveis, tristemente inesquecíveis, depois que José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula passaram a dirigir esta Nação, os jornalistas, os políticos e o povo brasileiro recuperaram a liberdade de expressão. Por consequência, a corrupção passou a ser investigada e levada a público. Tanto quanto possível.

Portanto, por mais que seja difícil aguentar os políticos que todo dia entram em nossas casas sem pedir licença; por maiores que sejam as besteiras que eles falam; por mais mentirosos que eles sejam; por mais inacreditáveis que nos pareçam as promessas que eles nos fazem... é preferível viver nos tempos de hoje do que “nos tempos dos militares”.

Ditadura, portanto... militares no poder civil... nunca mais!!!

Vamos procurar votar certo, ajudar quem ainda não sabe votar e ter a certeza – e fé em Deus – que tudo melhorará.

Aos poucos, talvez. Mas para sempre.

Cláudio Amaral
12/09/2006 12:37:00 (horário de Brasília)
10/08/2012 22:23:44 (em Ashburn Village, Virgínia, EUA)

Comentários

  1. Claudio eu também compartilho da ideia de que militares no poder nunca mais.
    Na época da Ditadura Militar eu fazia Ciências Sociais, fui parar na Delegacia. Militares nunca mais. No Quartel lhes ensinam antigas lições, morrer pela pátria e viver sem razão como dizia Geraldo Vandré.

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