Do Esporte para a Geral, sempre pelo Estadão


Um dia a cobertura de esportes perdeu a graça pra mim.

Eu queria participar das grandes coberturas, mas não tinha oportunidade.

Eu desejava estar no dia a dia do Corinthians, mas não podia por ser torcedor do Timão.

Nos outros grandes times também não tinha chance porque eles representavam cadeiras cativas de outros repórteres.

O mesmo ocorria em relação aos esportes nobres.

Enfim, eu queria ir à Copa do Mundo, aos GPs de Fórmula 1, aos GPs de Tênis, mas vi que isto seria impossível enquanto não reunisse condições de ocupar o lugar de um dos ‘cardeais’.

Por tudo isto, juntei a minha vontade com a do colega Tuca Pereira de Queiroz, um repórter esportivo por excelência, deslocado para a Reportagem Geral por questões políticas.

Falamos com os respectivos chefes e trocamos de editoria.

Fui trabalhar diretamente com o Mestre Eduardo Martins, que ocupava a chefia de Reportagem, e com o sub-chefe Silvio Sérgio Sanvito.

A partir de então eu conheci o Brasil quase todo e boa parte do mundo.

Entre minhas viagens inesquecíveis da época estão uma para a Amazônia e outra para a Itália, ambas em 1974.

Voei para a Amazônia em companhia do cientista italiano Telesforo Bonadona, professor da Faculdade de Medicina Veterinária de Milão, a bordo de um pequeno avião pilotado pelo comandante Rolim Adolfo Amaro (1943/2001), que ainda não era o famoso “comandante Rolim da TAM”.

Assim que o avião pousou na Fazenda Suiá Missú, nosso destino, levei a maior bronca de Rolim porque havia vomitado e sujado as costas da cadeira da frente e o chão aos meus pés.

Rolim queria que eu tivesse pedido a ele um saquinho de vômito, mas eu, marinheiro de primeira viagem, não tive tempo.

Fui a Roma em consequência da viagem com o professor Bonadona, para a cobertura de uma conferência internacional de alimentação animal e da assembléia anual da FAO em que o mundo homenageou o médico brasileiro Josué de Castro (1908/1973).

Fui e voltei com o coração apertado.

Primeiro, porque esta foi minha primeira viagem ao exterior.

Segundo, porque deixei minha jovem esposa com nossa filhinha de menos de um ano.

Na volta, feliz pela viagem e pelo retorno ao lar, soube que Sueli sofrera com a idéia (absurda) de que eu poderia ficar na Itália.

Como foi bom viajar pelo Estadão.

Como foi bom viajar e voltar para casa, para a mulher e para os filhos.

Cláudio Amaral

21/11/2006 01:39:19 (em São Paulo) e 22/05/2012 17:35:13 (em Ashburn Village, Virgínia, EUA)

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