De Marília para Campinas, pelo Estadão

Tive que deixar o Jornal do Comércio de Marília em outubro de 1970 porque o Estadão exigiu exclusividade.

Em setembro, Raul Martins Bastos queria que eu viajasse por cinco dias para uma reportagem especial em Ilha Solteira.

Mestre Irigino Camargo, certo de que me perderia em breve, sentenciou: “É melhor você exigir uma definição do Estadão”.

Ou seja: não dava mais pra trabalhar pros dois jornais.

Antônio Higa, correspondente em São José do Rio Preto, foi para Ilha Solteira e fez a reportagem que eu gostaria de ter feito.

Na mesma semana, o Estadão me pediu a cobertura dos Jogos Abertos do Interior, em Bauru.

Tirei férias do JC e fui.

Na volta, constrangido, disse ao Mestre Irigino que o Estadão havia me oferecido uma vaga na sucursal de Campinas.

Sério, ele me ameaçou: “Se você recusar a oferta do Estadão, eu tiro a cinta e te dou uma surra agora”.

É por isso que eu sempre digo que Irigino Camargo foi, além do meu primeiro Mestre no Jornalismo, um pai enquanto eu fiquei longe da minha família, em Marília.

Antes de me mudar para Campinas eu ainda fiz uma reportagem inesquecível.

Foi a respeito da recuperação do trecho Bauru/Marília da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Combinei com o Estadão que ficaria fora a semana toda.

Na segunda-feira, me despedi da família e da namorada.

Embarquei no primeiro trem para Bauru e desci uma estação antes.

Planejei ficar um dia em cada cidade que perderia a estação do trem porque a diretoria da Paulista havia determinado que a linha fosse esticada.

O objetivo da Companhia era encurtar o caminho entre Bauru e Marília para reduzir custos.

Nessa, cidades como Piratininga, Cabrália Paulista, Duartina e Gália ficaram sem o trem.

No mesmo dia, entretanto, tive que voltar a Marília.

O motivo foi simples: não havia onde eu me hospedar nem sequer por uma noite naquelas cidades.

Tive que ir e voltar a cada uma delas de ônibus ao longo da semana.

Ainda assim, consegui uma reportagem que me deixou muito feliz e me rendeu bons pontos junto à cúpula da Redação do Estadão.

Fiz textos e ótimas fotos.

Sim, porque, como correspondente, eu reportava duplamente: ao mesmo tempo em que levantava informações, fotografava, também.

Como foram bons os meus tempos de correspondente do Estadão em Marília.

Cláudio Amaral

19/11/2006 14:58:15 e 27/3/2012 11:35:48

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